terça-feira, 23 de março de 2010

Um curta para uma vida mais curta ainda





Cena 1 - Int. / Noite / Apartamento - Sala


Câmera com close nos olhos fechados da mulher embriagada sentada no sofá da sala. Ela está largada, não está consciente.
Uma luz muito forte aparece em sua janela, transformando a escuridão daquela noite em dia. 
A mulher abre os olhos, mas parece não entender direito do que se trata.
Ela ouve uma voz em off que diz:


_ O que você está fazendo com a vida que te dei?


Horrorizada, a mulher senta-se no sofá, olhando indignada para a luz. Mas a voz continua:


_ Você não percebe que está se matando, que está se entregando para uma morte que poderia levar anos para acontecer. O que há com você? Por quê você não luta? Eu te dei saúde, eu te dei felicidade, eu te dei a oportunidade de ter uma família com um casal de filhos saudáveis, eu te dei a maior parte das coisas que me pediu, e agora isso?


Então, a mulher coça os olhos e diz:


_ Mas sou infeliz porque sou sozinha, não tenho ninguém ao meu lado.


Câmera focaliza latas de cervejas vazias e jogadas no chão, copos com vodka pela metade.
A voz em off continua:


_ Você tem ao seu lado a sua família, os seus filhos, a sua neta, você tem as pessoas que lhe amam de verdade. Isso é pouco?


E a mulher responde:


_ Não, mas eu queria mais. 


Voz em off:


_ E por quê não se ajuda para conseguir o que mais você quiser?


Mulher:


_ Porque eu não tenho mais forças. Minhas forças são usadas para uma palavra amarga, para outra reclamação, para querer que a vida fosse diferente, para amaldiçoar quem está ao meu lado e não vê o quanto eu estou sofrendo com tudo isso.


Voz em off:


_ Não é só você quem sofre com tudo isso. E não são apenas as suas forças que estão acabando. Se você não fizer nada, sua vida se esgotará antes que possa perceber o que tem feito com ela. Ficará sozinha, abandonada e entregue à escuridão que sempre teve medo. Seu egoísmo irá lhe tirar o que você mais ama e eu não posso fazer nada para impedí-los.









quinta-feira, 18 de março de 2010

Melancia?????

Ontem terminei de ler "Melancia", o primeiro livro da autora irlandesa Marian Keyes e me apaixonei por ele.
O modo como ela descreve seus sentimentos, suas frustações, decepções e desesperos, me fazem querer escrever como ela. 
O modo como ela enxerga o que está acontecendo a sua volta é a maneira mais natural de reagirmos, mas que muitas vezes escondemos. 
Talvez se tivéssemos chamado mais vezes os homens que nos deixaram de 'filhos da puta', quem sabe isso seria bom para nós e para eles. Quem sabe se gritássemos mais nossos sentimentos, isso nos ajudasse a conviver com nós mesmas. 


Através desse livro identifiquei alguns sentimentos que existiam dentro de mim mas que ainda não havia nomeado. Descobri muitas situações pelas quais eu também já passei, mas não tinha me dado conta de como eram importantes. São pequenos detalhes num curtíssimo espaço de tempo que sentimos isso, e resolvemos deixar isso pra lá.
Coisas do tipo "podia-se cortar aquela tensão sexual com uma faca" exemplifica bem o que quero dizer.
Não sou a versão feminina do Martinho da Vila quando falo que já tive vários tipos de homens na minha vida, não, mas já amei muitos, mesmo que por muitas vezes não chegasse nem perto de um beijo. 
E são na verdade, esses sentimentos que fazem a vida valer a pena. A condição de amar. Hoje você ama, amanhã pode ser que odeie. Hoje você quer, e amanhã não quer mais. A vida é assim, repleta de mudanças e sensações, tudo muda a todo o instante. O importante é conseguir sair vivo do dia de hoje, porque amanhã você terá recuperado as sua forças para enfrentá-lo também.
Sim, sou cafonééééérrima em questão do amor, sou brega, um lixo, mas é a coisa mais importante para mim, a minha capacidade de amar deve estar sempre intacta. 
Então, depois de todo esse blá blá blá, ai vai uma leitura que recomendo e com muito gosto. 




;)beijomeliga

terça-feira, 9 de março de 2010

Quanto mais eu rezo ...

Hoje não estou bem e por isso, não sei como sairá esse texto. Mas mesmo sabendo disso, preciso escrever. Estou com raiva! E sei que é normal sentir raiva, às vezes. Mas sei que já passei do ponto da normalidade. Me controlei por muitas vezes e isso foi enrijecendo dentro de mim. 
Seu eu nunca tive você, por que não consigo expulsá-lo da minha vida e do meu coração? Por que não faço isso por mim? Pela minha saúde mental?
E você também não ajuda muito né? Parece que seu objetivo é mesmo me enlouquecer. E você tá quase lá. 
Mas sabe que no fundo, eu sei que a culpa não é sua, é minha, por permitir que você faça isso comigo. 
Eu já devia ter aprendido, mas pra isso eu sou muito burra. 
Me deixando levar por pensamentos que se transformam em projetos apenas dentro da minha cabeça, você nunca me prometeu nada.
Eu só queria saber por que então você aparece, do nada, quando eu tava quase esquecendo como era o seu rosto? Pra que me lembrar?
Deve ser mesmo muito gostoso tomar um café com alguém que está apaixonada por você, ver como aquela pessoa te olha, dar um pouco de esperanças a ela, é sempre gostoso brincar.
Mas eu devo estar é pagando os meus pecados, e não só dessa vida, mas de todas as zilhões que tive antes dessa. 
Eu sinto que já tive a minha chance, sinto que já fui feliz o suficiente, e por isso, não preciso ser mais. 
Eu agradeço a Deus por minha filha, família e amigos, não, não sou ingrata, sei que sou e fui muito abençoada.
Às vezes acredito que devo me contentar com o que fui, com o que fiz, porque não virá nada melhor lá na frente. 
Quem sabe seja esse o sentido da minha vida, apenas reviver em letras no papel o que foi a minha história. E pensando bem, isso também não seria lá tão ruim.